Pai espanca filha de 9 anos por ela dizer que gosta de amiga

Se você está aqui é porque quer saber como cancelar a medida protetiva. De cara, já avisamos: isso é algo que, dependendo da situação, pode ser um pouco complicado. Vamos direto ao assunto.

A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) foi criada para combater a violência doméstica e proteger as mulheres que passam por situações de risco. Essa lei trouxe mudanças importantes, como medidas protetivas de urgência e formas de responsabilizar os agressores. Mas muitas mulheres têm dúvidas sobre como retirar a queixa ou cancelar medidas protetivas. Será que isso é possível? E, se for, como fazer?

Aqui, vamos explicar tudo isso de um jeito claro e direto, para você entender os procedimentos e tomar decisões informadas.

O Que Significa “Retirar a Queixa”?

“Retirar a queixa” quer dizer desistir da representação contra o agressor em crimes de ação penal pública condicionada à representação. Esses crimes, como ameaça (art. 147 do Código Penal), só podem ser processados se a vítima manifestar oficialmente essa vontade. Sem essa manifestação, o Ministério Público não pode levar o caso adiante.

Por outro lado, em crimes de ação penal pública incondicionada, como lesão corporal, o processo segue mesmo que a vítima queira desistir. Nesses casos, é o Ministério Público quem decide prosseguir, independentemente da vontade da vítima.

É Possível Retirar a Queixa na Lei Maria da Penha?

Sim, em algumas situações é possível, mas existem regras bem definidas no art. 16 da Lei Maria da Penha. Veja como funciona:

  1. Audiência com o Juiz: Para retirar a queixa, você precisa participar de uma audiência com o juiz. Isso é feito para garantir que você não esteja sendo pressionada pelo agressor.
  2. Manifestação do Ministério Público: Durante a audiência, o promotor de justiça também será ouvido. Ele vai avaliar se a desistência está acontecendo de forma voluntária ou se pode ter sido forçada.
  3. Prazo: A desistência só pode ser feita antes de o juiz aceitar a denúncia. Depois disso, o processo segue normalmente.

Essas regras existem para proteger você de possíveis ameaças ou pressões do agressor.

Como Proceder para Retirar a Queixa

Se você decidiu retirar a queixa, o caminho é o seguinte:

  1. Procure Orientação Jurídica: Converse com um advogado criminalista ou defensor público para entender melhor o processo e esclarecer suas dúvidas.
  2. Solicite a Audiência: Entre em contato com o cartório da vara onde o caso está tramitando e informe que deseja retirar a queixa. O juiz marcará uma audiência para ouvir seu pedido.
  3. Compareça à Audiência: No dia marcado, explique ao juiz por que tomou essa decisão. É importante mostrar que você está agindo de forma livre e consciente.
  4. Espere a Decisão: O juiz, após ouvir você e o Ministério Público, decidirá se aceita ou não sua solicitação.

Como Retirar Medida Protetiva

Assim como a queixa, as medidas protetivas também podem ser canceladas, mas é preciso seguir um procedimento específico:

  1. Peça ao Juiz: Apresente um pedido formal ao juiz explicando por que quer revogar as medidas – daí a importância do advogado.
  2. Análise Judicial: O juiz avaliará se a revogação é segura para você e se não há riscos à sua integridade física ou emocional.
  3. Decisão: Se o juiz concordar, ele emitirá uma decisão autorizando o cancelamento das medidas protetivas.

Consequências de Denúncias Falsas

É importante destacar que realizar uma denúncia falsa é um ato grave. Se a queixa apresentada for baseada em um fato que jamais aconteceu, a mulher pode responder por denunciação caluniosa, crime previsto no art. 339 do Código Penal. Isso pode resultar em consequências legais sérias, como pena de reclusão de dois a oito anos e multa. No âmbito do Direito Civil, denúncias falsas podem dar margem a indenização por danos morais – ou seja, poderá doer também no bolso. Finalmente, denúncias falsas prejudicam outras mulheres que realmente precisam de proteção, minando a credibilidade do sistema de justiça.

O Perigo de Ser Convencida pelo Agressor

Outro ponto essencial é o risco de ser “convencida” pelo agressor a retirar a queixa, especialmente se os riscos de violência ainda existirem. Muitos agressores usam manipulação emocional, ameaças veladas ou até promessas de mudança para pressionar a vítima a desistir do processo. É fundamental que a mulher avalie sua segurança e busque apoio de profissionais, como psicólogos e advogados, antes de tomar qualquer decisão. Lembre-se: sua integridade física e emocional vem em primeiro lugar.

Atenção aos Detalhes Importantes

  • Crimes de Ação Penal Pública Incondicionada: Em casos de lesão corporal ou outros crimes graves, o processo continuará mesmo que você queira desistir. O Ministério Público é quem conduz a ação nesses casos.
  • Segurança em Primeiro Lugar: Antes de retirar a queixa ou cancelar medidas protetivas, tenha certeza de que não há mais riscos. Infelizmente, a violência pode se repetir ou até aumentar.
  • Apoio Profissional: Sempre conte com a ajuda de um advogado ou defensor público para garantir que seus direitos sejam respeitados e que você esteja tomando a melhor decisão.

Conclusão

A Lei Maria da Penha é uma ferramenta poderosa para proteger mulheres e combater a violência doméstica. Retirar a queixa ou cancelar medidas protetivas é possível, mas exige um processo cuidadoso. Lembre-se: sua segurança deve ser prioridade absoluta.

Se você está enfrentando violência doméstica, procure ajuda. Ligue para o 180 ou busque os serviços de atendimento disponíveis na sua cidade. Você não está sozinha, e há recursos para te apoiar.

Mario SolimeneAuthor posts

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Advogado formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FADUSP - Largo de São Francisco), turma de 1994, com especialização em Direito Privado e Processo Civil. Inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, São Paulo, sob o número 136.987. Pós graduado (Pg.Dip.) e Mestre (MMus) pela University of Manchester e Royal Northern College of Music, Reino Unido (2003-2006). Curso de Extensão em Direitos Humanos Internacionais sob supervisão de Laurence Helfer, J.D, Coursera, School of Law, Duke University, EUA (2015). Inscrito como colaborador da entidade Lawyers Without Borders (Advogados Sem Fronteiras) e membro da International Society of Family Law (Sociedade Internacional de Direito de Família). Tomou parte em projetos internacionais pela defesa da cidadania e Direitos Humanos na Inglaterra, Alemanha, Israel e Territórios da Palestina. Fluente em Inglês, Espanhol, Italiano e Alemão.

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